domingo, 31 de janeiro de 2010

TUDO O QUE FAÇO OU MEDITO

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica
E eu sou um mar de sargaço –

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.


Fernando Pessoa
in Cancioneiro, Obra Poética de Fernando Pessoa,
I Volume, Circulo de Leitores,1986,pg.250

1 comentário:

  1. A harmonia dos contrários, retrato maior do que o coração dos homens persegue... tantas vezes em vão...

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